BRINCAR É COISA SÉRIA
- Nayara Souza
- 21 de nov. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de nov. de 2023

10 benefícios das brincadeiras para o desenvolvimento Infantil
1. Acabam com o tédio e a tristeza.
2. Incentivam a socialização e fortalece o vinculo entre pais e filhos.
3. Estimulam o desenvolvimento: físico, emocional e cognitivo.
4. Desenvolve otimismo, cooperação, autocontrole e negociação.
5. Ensina a criança a administrar suas decepções e enfrentar suas adversidades.
6. A criança aprender a respeita, ouvir e entender os outros e suas diferenças.
7. Promove a criatividade e a imaginação.
8. Estabelece regras e limites.
9. Desenvolve a atenção e o raciocínio estratégico.
10. Ajuda a manter em ordem a saúde emocional.
O brincar no desenvolvimento infantil
O ato de brincar é essencial ao desenvolvimento de toda criança, assim como se alimentar e descansar, pois pela brincadeira a criança descobre o mundo, se comunica e se relaciona com o outro. Brincar é tão importante na vida da criança que é um direito assegurado em lei.
A Lei Federal nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), em seu Capítulo II, no Art. 16, inciso IV, afirma que as crianças têm direito a brincar, praticar esportes e divertir-se. O Capítulo I, no Art. 4, ressalta que esse direito deve ser garantido por sua família, pela comunidade, pela sociedade em geral e pelo poder público.
Além disso, a brincadeira possibilita explorar o mundo de forma dinâmica, recriando suas vivências por via do lúdico e desenvolvendo suas capacidades cognitivas, afetivas e motoras.
O autismo e a brincadeira
O transtorno do espectro autista é classificado como distúrbio global do desenvolvimento, em que há comprometimento de diversas áreas do comportamento e do psiquismo. O transtorno do espectro autista recebe o nome de espectro (spectrum) porque envolve situações e apresentações bastante diversas, numa graduação que se apresenta de leve a grave. Todas, porém, estão relacionadas, em maior ou menor grau, com dificuldades qualitativas de comunicação e nas relações sociais.
Devido a essas dificuldades, o ato de brincar da criança autista muitas vezes difere de uma criança considerada típica.
Estudos com crianças autistas reiteram que elas não conseguem brincar com seus pares e fazer amigos, apresentam dificuldade no quesito criatividade e iniciativa; muitas não possuem empatia e dão preferência a objetos e não a pessoas. Soifer (1992, p. 231) descreve as brincadeiras das crianças autistas como “solitárias; consistem geralmente em fazer rodar um carro com as mãos (meninos) ou ter nos braços uma boneca (as meninas)”.
Geralmente o interesse dos indivíduos autistas é focado em objetos, que podem ser manipulados por longos períodos. Há comprometimento de muitas funções, entre elas o brincar simbólico, que se caracteriza por recriar as vivências da criança por meio da fantasia, favorecendo a interpretação e a ressignificação do mundo no qual ela vive. A brincadeira da criança autista está marcada por atividades repetitivas, estereotipadas e sem diversidade.
Bagarollo (2005) revela que o não brincar da criança autista está ligado à escassez de experiências e do pouco acesso da criança a brinquedos e brincadeiras – e não somente a impedimentos orgânicos. Segundo a pesquisadora, muitas vezes são os indivíduos que convivem com a criança autista que desistem de tentar brincar ou mostrar-lhe os brinquedos, pois acreditam que ela não seja capaz de imaginar. Com isso, a criança fica privada do lúdico, o que acaba repercutindo negativamente em seu desenvolvimento. Ela identificou também, em suas pesquisas, que os movimentos estereotipados que geralmente as crianças autistas apresentam são ressignificados nos momentos lúdicos, brincadeiras e faz de conta, a partir da mediação do outro.
O desenvolvimento das crianças autistas tem suas particularidades e precisa de muito estímulo e atenção. O brincar é uma ferramenta poderosa nesse processo de aprendizagem. Quando a criança brinca, ela vivencia na brincadeira uma situação imaginária toda formulada no mundo que a cerca. É por meio desse faz de conta que ela compreende as relações sociais que vivencia bem como busca compreender a realidade na qual está inserida.
A criança autista também precisa desse faz de conta para entender o mundo; para tanto, ela necessita da intervenção de seus pais, professores ou mesmo colegas. Na brincadeira a criança interage com o próximo e consegue desenvolver sua linguagem, fala e expressão, sua afetividade e seu entendimento das relações sociais que a cercam.
É no ato de brincar que a criança explora o mundo e compreende seu lugar. Sendo assim, o lúdico deve estar muito além do divertimento, sendo parte essencial do processo de ensino-aprendizagem; portanto, deveria estar sempre presente na prática pedagógica com crianças com autismo. É preciso que se veja além das singularidades da criança autista e auxiliá-la nesse mundo do faz de conta, essencial na vida de todos.
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