Autista, indo a emergência
- Nayara Souza
- 5 de ago. de 2024
- 6 min de leitura

Oi gente, tudo bem com vocês?!
Passando aqui pra trazer um assunto importante e ao mesmo tempo delicado, a ido do autista a emergência, isso mesmo que você leu, pois bem a dúvida de muitas mães e pais é: será que vai demorar para tender meu filho(a), será que vão saber lidar com ele, será que são qualificados? Entre outras mil perguntas.
Pois bem, recentemente tive que passar por isso, meu filho Davi de 4 anos e 6 meses estava com o ouvido inflamado, com muito escorrimento, então resolvi levá-lo a emergência, ate ai tudo bem, chegamos lá pediram a documentação dele e logico não esqueci de usar o cordão do autismo para que fique visível para todos, na recepção você já observa o descaso, não só como meu filho, mas com qualquer paciente pois ficam sempre 2 funcionarias para realizar o preenchimento do prontuário da criança, sendo que enquanto uma está preenchendo os dados a outra deve ir copiando no caderno de entrada.
Sendo que não foi isso que ocorreu, enquanto a mais velha estava preenchendo o prontuário a outra mais nova estava de conversinha com o vigilante que era para esta na porta e não sentadinho atrapalhando o serviço das coleguinhas, ou seja, ambos estavam fazendo tudo menos aquilo que eram para fazer, fiquei bem seria olhando para eles, e tossi olhando para eles, perceberam o meu incomodo e voltaram as suas atividades.
A recepcionista perguntou se o Davi era autista informei que sim, são perguntas que não era necessárias eu responder pois além do cordão o RG dele tem o símbolo do autismo, mesmo assim informei que sim. Me encaminharam para sala de classificação de risco, aqui a enfermeira foi maravilhosa com muita paciência com o Davi, embora talvez não saiba como lidar com o autismo, mas nos atendeu super de boa, ainda desejou melhoras, fiquei na sala de espera para sermos atendidos pela área médica.
Não demorou muito menos de 5 minutos, pois Davi estava com a classificação “amarela” (O Protocolo de Manchester é empregado para apontar a gravidade da condição de saúde do paciente, enquadrando-o em um dos cinco níveis definidos por cores.
A cor VERMELHA indica emergências com alto risco de morte; LARANJA, casos muito urgentes; AMARELA, urgências moderadas; VERDE, urgências menores; e AZUL, não urgências.), fomos chamados para o atendimento, e quando estávamos no consultório da médica, uma mãe com seu filho onde a classificação era verde foi ate a sala da médica para tomar satisfação, pois ela tinha chegado lá as 17h e nós as 18h de acordo com suas informações, a médica explicou como funcionava o sistema, que todos seguem o protocolo de classificação de risco, mas a mãe não se dava por satisfeita embora aquela situação já estivesse me deixando chateada pois, primeiro ela entrou em um ambiente que está sendo ocupado por outro paciente em atendimento, atrapalhando o registro de atendimento do meu filho.

Ai foi quando a médica já estava sem paciência e teve que ser um pouco grossa com essa mãe pois falando educadamente ela não queria entender de forma nenhuma que ela estava apenas seguindo o que lhe foi orientado a fazer, e disse: “mãe se ele está aqui n aminha sala é porque a classificação dele é de urgência e por isso estou fazendo o atendimento dele, o do seu filho é uma urgência menor, que pode muito bem esperar, (ela não aceitou) e disse que o atendimento do Davi é preferencial”, (ela retrucou e disse que todas as crianças são preferenciais) ai a médica foi mais além, “ele é preferencial dos preferenciais, ele é autista, e a senhora tem que aprender a esperar sua vez, que é a classificação verde, pior é aqueles que a classificação é azul, onde só serão atendidos depois dos verdes, e mesmo assim não tem nenhum desesperado aqui como a senhora esta fazendo, estamos aqui seguindo o protocolo que nos é obrigados a seguir, faço meu trabalho a mais de 10 anos ou seja estou nessa área há 30 anos e se estou aqui por tanto tempo é porque faço meu trabalho direito, e sim vou seguir atendendo de acordo com as classificações quando as amarelas acabarem chamarei as verdes, e outra se a senhora não estiver satisfeita reclame na secretaria de saúde ou na triagem que foi onde lhe deram a pulseira verde”.
A mãe saiu e a medica continuou seu atendimento como era para ser feito, e me pediu desculpas pelo ocorrido, entendi perfeitamente e tipo fiquei aliviada por não ter que me manifestar ali, mas infelizmente temos que entender como funciona a classificação de risco nas emergências e seguir as ordens, e não está atrapalhando o atendimento de outros pacientes.
A médica preencheu o documento de medicação direitinho, ainda desenhou os ml dos copinhos para que ficasse de fácil entendimento, e me deu o atestado de 10 dias de Davi para que eu possa levar para escola, pois agora precisa, e me encaminhou para a área de medicação para poder fazer a limpeza do ouvido e aplicar a medicação nele, para depois eu pegar a medicação na farmácia e assim ele receber alta.
Fui a enfermaria e como de costume não tem ninguém em seu posto de atendimento, esperamos quase 10 minutos, aí apareceu uma enfermeira e disse que era para fazer a medicação do Davi, ela pegou o prontuário para verificar a medicação, e disse: “oxi aqui não faz lavagem não , a senhora terá que procurar um otorrino”, respirei fundo e disse se a médica me encaminhou para cá para fazer a medicação dele, por isso estou aqui e só irei sair quando a medicação for feita, ela não gostou muito e foi procurar outras enfermeiras porque disse que ela não fazia lavagem e iria ver quem ia fazer, nesse momento que ela saia da sala de medicação, vinha chegando no corredor outro enfermeiro, ai ela passou as informações para ele, pelo tom de sua voz com desdém, o enfermeiro agiu praticamente da mesmo forma, se negou em fazer a medicação e disse para ela me dizer em ir procurar um otorrino, como se não desse para ouvir.
Ele passou por mim, que nem para mim olhou, ela foi atras de outra enfermeira, achou ela disse ver direitinho com a médica, porque ela não fazia também, já estava respirando fundo quando ela voltou para mim e disse que ia ate a sala da medica para ela explicar como fazer.
Ate ai tudo bem fiquei esperando ela voltar, ela voltou e disse que ia fazer a limpeza do ouvido dele, acho que deve ter levado uns esporros da médica, ai preparou as gases, soro e a medicação, outra enfermeira veio ajudar pois como Davi é difícil de ser medicado, tive que segurá-lo, e a outra enfermeira segurou sua cabeça, a que estava fazendo a limpeza ainda me dizia segure firme mãe, expliquei para ela que o Davi é autista e aquela situação era complicada, ai ela disse que criança não tem o que querer não, deixei sair um riso de desgosto mesmo.
Depois de fazer a limpeza que foi uma luta, pois eles têm uma força, ela aplicou a medicação, e fomos até a farmácia pegar as medicações dele, lá fomos bem atendidos ainda brincaram com o Davi, e desejaram melhoras e ele recebeu alta, e fomos para casa umas 21h.
Esse foi meu relato sobre o atendimento da Policlínica Amaury Coutinho localizada R. Iguatu, s/n - Campina do Barreto, Recife – PE, como sempre o atendimento seja pediátrico ou de adulto sempre ficou a desejar são muitos profissionais não qualificados para esse trabalho pois acima de tudo falta a empatia pelas pessoas, medicina por amor, enfermagem por amor são esses os juramentos que fazem, (“Solenemente, na presença de Deus e desta assembleia, juro: Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da mora, honrando seu prestígio e suas tradições”.), sendo que hoje em dia o que está sendo feito é enfermagem/medicina por dinheiro, por status.
Bom só tenho que agradecer mesmo a Dra. Maria Souza CRM/PE 8479 e as meninas da farmácia ai sim posso dizer que fizeram um excelente trabalho, mas os outros precisam passar por uma reciclagem urgentemente de humanidade.
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